Confesso que não fazia a mínima ideia daquele desagradável ambiente, mas normal para quem nele trabalha e conserva corpos todos os dias, como é o caso daquela cidadã de mais de 50 anos que trata os “corpos por tu”.
Uma atitude corajosa e ímpar de uma mulher lutadora – imprópria para cardíacos. O escorrer de sangue e água pelo chão revela, claramente, pouca capacidade de conservação das câmaras.
Sinceramente, quem parte para o além - para a casa do PAI merece um pouco mais de dignidade, afinal a morte é caminho de todos.
Aliás, não é por acaso que se diz que o africano, quiçá, o angolano respeita quem já partiu – o morto. Estou pois recordado do dia dos finados celebrado a 2 Novembro, uma data dedicada aos fiéis defuntos e feriado nacional.
Não se justifica e não faz qualquer sentido manter aquele abominável cartão-de-visita da morgue Central de Luanda, que nos parece já ser um problema de saúde pública. Está sujeito a contrair qualquer doença não só quem aí acorre, mas sobretudo também quem mantém o serviço operacional, embora sem o mínimo de qualidade requerida.
As famílias com parcos recursos que recorrem à morgue Central de Luanda não merecem aquela pouca vergonha de serviço, deplorável a todos os títulos.
Ninguém deve pagar um preço alto pelo simples facto de ser pobre e ter recorrido a um serviço público. Não faz pois igualmente sentido manter aquele contentor gigante de bidão, ou seja, devido a falta de água corrente na morgue os familiares trazem-na de casa para o processo de preparação dos corpos.
Já que os familiares pouco se importam depois com os recipientes, que ficam a mercê, a direcção da morgue deveria dar um outro destino aos mesmos.
Substituir o contentor de bidão por um jardim, para um ambiente mais acolhedor e saudável.
Uma atenção deverá ser dada por quem de direito, uma visita surpresa da governadora de Luanda, talvez possa a vir a produzir efeitos positivos, pois não é aceitável nem razoável aquele cenário horrendo.
Investimento para aquisição de nova cadeia de frio precisa-se, para manutenção periódica que na nossa óptica deve fazer toda a diferença. Morre-se em demasia, apesar de não se ter dados estatísticos.
Aliás basta ir a uma morgue ou um cemitério de Luanda para se chegar a esta conclusão. Uma coisa é certa: não há serviço de morgue que aguente sem manutenção, sem condições de higiene e não só para os seus colaboradores.